Embora a engenharia tenha sido tradicionalmente dominada por homens, as mães que entram e prosperam neste campo trazem consigo um diferencial único e enfrentam desafios específicos que merecem reconhecimento e suporte.
Esteriótipos de que mulheres, especialmente mães, podem ser menos comprometidas ou capazes tecnicamente, a necessidade de equilibrar as demandas da carreira e as responsabilidades familiares, e a escassez de mulheres em posições de liderança na engenharia são alguns dos entraves que as profissionais ainda se deparam no mercado.
A engenheira civil e de transportes, Fátima Ximenes, revela que ser mãe fez parte do seu projeto de vida, de ampliar a família, de ter um alguém para cuidar, dar carinho, ensinar, aprender e amar. Apesar da experiência positiva com a maternidade, ela admite os percalços da função.
“O sonho de ser mãe é algo indescritível. O que mais incomoda ao conciliar a maternidade e o trabalho é a sensação de não estar sendo uma boa mãe, carregar consigo a culpa de deixar as crianças ao cuidado de outros, de passar poucas horas por dia com o filho e ter a sensação de estar perdendo os melhores momentos”, revela.
“É um desafio conciliar a maternidade e o trabalho e isso causa um impacto emocional na vida de uma pessoa. Para ser mais prática, digo que para conciliar maternidade e o trabalho exige muita organização”, afirma Ximenes.
A engenheira civil e de transportes também pontua que o mercado de trabalho é um ambiente complexo, no qual talentos se encontram, empregos prosperam e desafios surgem. Embora seja um fato que as mulheres e as mães vêm conquistando espaço nas últimas décadas, ainda há muito a ser feito.
“Sendo a engenharia uma profissão considerada para o gênero masculino, são muitos os desafios que o público feminino enfrenta e que merecem atenção especial, especialmente o preconceito que nós enfrentamos quando nos tornamos mães. As mães ainda são obrigadas a se sacrificar e fazer renúncias na carreira profissional em função dos cuidados que os filhos precisam”, avalia.
Ela ainda ressalta que é comum pensar que as profissionais de engenharia e das demais áreas não terão o desempenho esperado quanto às demandas, visão que precisa ser desconstruída.
“As empresas se preocupam em contratar alguém para solucionar os problemas delas, não veêm o outro lado. Por esses motivos, as mães são submetidas a questionamentos desconfortáveis e até mesmo antiéticos sobre suas vidas pessoais durante entrevistas de emprego. A mulher foi muito prejudicada em decorrência de diversos fatores que dificultam a inserção feminina no mercado de trabalho Esperamos que, com o tempo, os preconceitos se desconstruam e haja uma melhora na qualidade de vida de todas nós”.