Não há espaço para pessimismo nas declarações de Mark Moore, diretor de engenharia do Uber, ao falar sobre os planos de oferecer transporte aéreo nas grandes cidades com o uso de “carros voadores” – termo de que ele admite não gostar, apesar de não ter encontrado uma alternativa melhor para descrevê-los.
Depois de trabalhar por 32 anos na Nasa, a agência espacial norte-americana, Moore tem se dedicado a tornar possível que veículos elétricos, silenciosos e relativamente pequenos, voem por sobre o tráfego em grandes centros urbanos. O engenheiro considera plausível que, dentro de cinco anos, como pretende o Uber, essa opção, chamada uberAIR, esteja disponível para os primeiros usuários no mundo.
Esses veículos são grandes drones, pequenos aviões, helicópteros menores, carros voadores? Como defini-los?
Só não gosto de “carros voadores”, porque faz parecer que esses veículos podem transitar no chão, e eles não podem. São otimizados para voar de um terraço para outro. Gosto de chamá-los de “eVTOLs” (sigla em inglês para veículo elétrico com decolagem e aterrissagem verticais) mesmo, mas sou engenheiro, então o termo é bastante descritivo para mim. Ainda não descobri um nome melhor para eles. Mas, com o tempo, acredito que algum nome vai prevalecer, mas ainda não sei qual a melhor descrição.
Já temos a tecnologia necessária para tornar esses veículos disponíveis a curto prazo?
Temos a tecnologia necessária para começar. Ainda não temos toda a tecnologia que gostaríamos de ter, por exemplo, em relação às baterias, que ainda não são exatamente como queremos. Agora, temos que tornar os veículos muito eficientes em cruzeiro e quando estiverem pairando, para que as baterias durem tanto quanto for necessário. No futuro, os veículos poderão voar ainda mais longe, com ainda mais eficiência.

O que torna esses veículos mais adequados para o tráfego aéreo urbano do que helicópteros?
A diferença fundamental entre esses sistemas elétricos e as turbinas, por exemplo, que já existem há muito tempo, é que os motores elétricos independem de escala. A eficiência é alta independentemente do tamanho. Fazer uma turbina pequena, em comparação, torna ela muito pouco eficiente. Por isso helicópteros e aviões geralmente só usam um ou, no máximo, dois motores: porque eles precisam ser grandes para serem eficientes e confiáveis. Com motores elétricos, é diferente.
Qual a parte mais difícil de desenvolver em um veículo para transporte aéreo urbano?
A mais fácil é que tudo é elétrico, então funciona muito bem: todos os sistemas são digitais, não há partes mecânicas, como nos aviões ou helicópteros. Assim, a comunicação entre todos os diferentes componentes fica mais fácil. A parte mais difícil é fazer uma máquina silenciosa. E esse é um dos nossos focos. Para que esses veículos sejam “abraçados” pelas comunidades, é preciso que o barulho não incomode.