Neste 23 de junho, é comemorado o Dia Internacional da Mulher na Engenharia, uma data que celebra as conquistas das engenheiras ao redor do mundo e reflete sobre os desafios que ainda persistem na busca por equidade de gênero na profissão. A doutora em engenharia elétrica e professora pesquisadora do Instituto Federal do Ceará (IFCE), Rejane Sá, reflete sobre o cenário atual e as perspectivas para o futuro das mulheres na engenharia.
Segundo a profissional, nos últimos anos, houve um avanço significativo na inserção feminina na engenharia, que se reflete no número de alunas matriculadas nos cursos de engenharia e de profissionais atuando na área. No entanto, ela ressalta que, apesar desse progresso, a representação feminina ainda é relativamente pequena.
“Isso é particularmente evidente em cursos como engenharia mecatrônica, onde a presença feminina não chega a representar nem 1/4 da turma. Essa disparidade indica que, embora estejamos no caminho certo, há ainda um longo percurso a ser percorrido para alcançar uma participação mais equilibrada”, destaca.
Sá aponta que a diversidade na engenharia não é apenas uma questão de justiça social, mas também de melhoria na qualidade das soluções desenvolvidas. Para ela, mulheres trazem perspectivas variadas que promovem inovação e criatividade, habilidades de comunicação e colaboração que melhoram o trabalho em equipe e a gestão de projetos.
O ambiente acadêmico também apresenta desafios para as mulheres que aspiram a carreiras na engenharia. A docente destaca que o preconceito e os estereótipos de gênero são mais intensos durante a formação acadêmica.
“As alunas frequentemente enfrentam preconceitos e estereótipos de gênero mais intensos, inclusive de alguns professores, necessitando batalhar diariamente contra essas atitudes. Além disso, a sociedade impõe restrições sem sentido, e muitas famílias não incentivam as mulheres a seguir carreiras na engenharia. Essa falta de apoio é refletida no corpo docente, onde a presença feminina é mínima. Por exemplo, sou a única professora na área de eletrônica do meu departamento”.
Apesar dos desafios o mercado de trabalho mostra sinais mais promissores em comparação com o ambiente acadêmico. A engenheira lembra que muitas empresas estão implementando políticas de diversidade e inclusão, criando oportunidades específicas para mulheres, iniciativas que ainda não são vistas no universo acadêmico.
Para reduzir a desigualdade de gênero na engenharia, Sá sugere várias ações, entre políticas de diversidade e inclusão nas universidades e nas empresas e programas de mentoria e redes de apoio específicos para mulheres.
“Além disso, é importante incentivar a participação feminina desde a educação básica, desmistificando estereótipos de gênero e promovendo o interesse por ciências e tecnologias. Aumentar a visibilidade de modelos femininos de sucesso na engenharia pode inspirar e motivar mais mulheres a seguir essa carreira, ajudando a construir uma cultura mais inclusiva e diversa no setor”, conclui.