A Engenharia vive uma grave crise de representatividade política no Ceará; talvez uma das maiores da história. Espelhando-se na vida da pólis – origem do termo “política” em grego -, é necessário que seja resgatado o poder político da Engenharia, no sentido de preservar as instituições. É necessário adotarmos uma postura reativa ou cairemos em um Ostracismo, na medida em que não formos capazes de influir nos rumos políticos dos cidadãos. Ostracismo, na Grécia antiga, era o desterro determinado em plebiscito, contra um citadino – sem confisco de bens -, como forma de promover a segurança pública ou para evitar a sua atuação e influência política; isto é, o afastamento das suas atribuições e funções políticas relativas à coletividade.
Ao ser concluída a nomeação do primeiro escalão do Governo Elmano Freitas, constata-se o quão é insignificante a participação de profissionais da Engenharia nos cargos de direção, evidenciando-se o desprestígio da categoria dos engenheiros: agrônomos, civis, ambiental, cartográfica, computação, alimentos, horticultura, florestal, industrial, mecatrônica, sanitária, pesca, agrícolas, agrimensura, aquicultura, energia, hídrica, mecânica, química etc.
Com todas as vênias aos nomeados e ao governador e o respeito ao poder discricionário dos governantes, não há que se falar em: Erradicação da pobreza: atenuação da pobreza em todas as suas formas, em todo e qualquer lugar; Fome zero e agricultura sustentável: mitigar a fome, atingir a segurança alimentar com melhorias na nutrição e promoção da agricultura sustentável; Saúde e bem-estar: não há como assegurar uma vida saudável com promoção do bem-estar para todos, em todas as idades, sem uma agricultura assistida por profissionais das ciências agrárias; Água limpa e saneamento: oferta e disponibilização com manejo sustentável da água e saneamento para todos, no campo e nas cidades; Energia limpa e acessível: asseverar acesso à energia limpa, a preço justo, confiável, sustentável e renovável nas zonas rurais e urbanas; Trabalho decente e crescimento econômico baseado no crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, com pleno emprego produtivo, e trabalho decente em todas os ambientes; Indústria, inovação e infraestrutura: caucionar infraestrutura resiliente para o bem-estar humano e animal, mediante promoção da agroindustrialização inclusiva e sustentável, fomentando continuamente à inovação; Redução das desigualdades dentro das cidades e comunidades sustentáveis, com ambiências nos assentamentos humanos, tornando-os inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis; Consumo e produção responsáveis: manter padrões de produção e de consumo sustentáveis, no campo e nas periferias dos grandes centros urbanos; Atuação de convivência com as mudanças globais climáticas: atuar adotando medidas para adaptar-se às mudanças climáticas e mitigação dos seus impactos; Vida terrestre promovendo a proteção, recuperação e uso sustentável dos ecossistemas terrestres, com gestão sustentável dos biomas, combatendo à desertificação, agindo para obstar a perda da biodiversidade, sem a contribuição dos profissionais da Engenharia.
Como se justificar que não existam na SDA, Ematerce, Adagri, Idace, Ceasa etc., engenheiros nos cargos máximos de direção? Simplesmente, reconhecendo o quão debilitada, politicamente, se encontram os Engenheiros.
Se realmente quisermos promover a convivência como semiárido, segurança alimentar e nutricional, mudanças climáticas, reflorestamento, recursos hídricos, meio ambiente, desertificação, irrigação, abastecimento, dessedentação animal, energias alternativas, combate a pobreza rural, entre outros, há que se aproveitar esses profissionais da Engenharia que são professores das Universidades e dos quadros técnicos das instituições do estado do Ceará, que passaram toda uma vida se dedicando ao estudo, fazendo especializações, mestrados, doutorados, pós-doutorados e estão muitos deles em funções irrelevantes e sem influência na elaboração de programas e projetos..
É necessário estabelecer uma política de agregação diplomática da categoria dos engenheiros, para se pensar, estrategicamente, a recuperação dos espaços perdidos a olhos visto nos ambientes governamentais; isto é, faz-se necessário reocupar os espaços políticos históricos da categoria. Tal reconquista é importante, não somente para credenciamento dessa esfera profissional, mas, precisamente, para a sociedade, especialmente, no momento em que se vive uma transição de uma engenharia analógica para uma engenharia virtual, onde conceitos adquirem novas formas e formatos, demandando uma releitura das ações profissionais da engenharia.
Crise na Engenharia
- Postado por
- Nizomar Falcão
- maio 17, 2023
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Nizomar Falcão
Engenheiro Agrônomo, PhD em Antropologia da Contemporaneidade, extensionista da empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará.